Ok, o título parece estranho, mas foi isso exatamente isso que eu queria dizer.
Para o cidadão que utiliza os serviços do advogado, talvez se torne difícil de entender, pois diz respeito ao cotidiano dos profissionais da advocacia, no entanto, se o leitor for mais um "infeliz advogado", saberá o que estou dizendo.
Vejam bem, quando o constituinte nos procura, ele está contratando um profissional que estudou para pensar em como resolver seu problema jurídico, simples, sem maiores complexidades.
Após o atendimento, onde expomos os aspectos relevantes que irão se suceder, o problema dele passa a ser seu também, afinal, é para isso que você é ou será remunerado.
Mas há um fator imprevisível (ou nem tanto) que são os bastidores da justiça, e isso, meu amigo, é difícil de lidar.
Um dia desses, recebi a mãe de uma menina que foi presa em uma cidade que faz fronteira com o Uruguai (aqui no RS), muito assustada em função do crime pelo qual estava presa, e com a possibilidade de que ela fosse transferida para outra cidade, distante quase 120 km de onde mora a família e onde mantenho meu escritório.
Pois bem, após acertar valores, explicar o de praxe, tratei de peticionar e enviar por fax, no sentido que fosse transferida para Rio Grande, afinal, aqui temos um presídio de porte médio e que tinha vaga na ala feminina, coisa que onde ela está presa não há.
O juiz despachou no mesmo dia, no sentido de que fossem oficiados os presídios de Rio Grande e Pelotas para que digam se possuem vaga; isso foi no dia 12 de setembro.
No dia seguinte o processo foi em carga para o Ministério Público e lá dormiu até o dia 21.
Entrei em contato com o foro da comarca e expliquei que estaria indo até a cidade para extrair cópia do processo (o básico para que possa trabalhar), falei com uma educada servidora que supostamente seria da Vara Judicial onde tramita o feito e me foi garantido que, mesmo que o processo estivesse em gabinete, poderia extrair cópia.
No dia seguinte, enchi o tanque do carro, fiz a procuração e rumei para aquela bela cidade, distante cerca de 200km de onde moro.
Cheguei e fui almoçar, deixando para logo que o foro abrisse a tarefa que tinha ido fazer. Compareci no balcão 13:30, conversei com uma sorridente servidora, que me disse o que eu temia: o processo está concluso Dr.... arghhh, respirei e expliquei que tinha conversado com outra servidora, que me garantiu que poderia ver os autos e fui informado que tal servidora trabalhava no setor de informações, não no cartório.
Após as argumentações de praxe e da desculpa de que o magistrado estava despachando naquele momento, fiquei de retornar as 17:00h e o fiz, mas adivinhem, o processo agora estava em carga com a delegacia de origem (que fica a 100 metros do foro). Resumo: falei com juiz, fui na delegacia e sai de lá sem ver a cor do processo e assim estou até hoje.
Entrei com reclamação no STF e aguardo o despacho do Ministro Fux, mas narrei esse fato para explicar o título do post: como seria menos difícil advogar se eles (servidores, juízes, MP, polícia) cumprissem a lei, mas isso é um sonho para outra encarnação.